terça-feira, fevereiro 01, 2011

Ainda morremos por um homem

Queimamos sutiãs, a Madonna desceu na boquinha da garrafa dentro da igreja, minha mãe me criou repetindo diariamente que nenhum homem presta, Simone de Beauvoir estava linda na foto da bunda com celulite, Carrie Bradshaw deu para Nova York inteira e Lilly Allen canta com fofura e maldade sobre o loser que não nos faz gozar.

Apesar de tudo isso, eu ainda saio derrotada do casamento das minhas amigas, enfio um monte de bem-casados na bolsa para depois comer, sozinha, na cama. Aquele monte de açúcar chamando formigas para minha solidão, minhas companheiras. Eu ainda fico mal pra cacete quando estou sem um namorado. Ou melhor: fico mal sem cacete. (HAHAHAHAHAHAH)

Que plataforma antiga é essa em nossos corações tão modernos? Precisar de homem é como ter um MS-DOS operando em nossos corações de iPad. Precisar de homem é como ter apêndice. Ultrapassado e ainda pode dar problemas. Mas continuamos nascendo com essa falha disfarçada de necessidade primordial. Morremos sem vocês. Não vemos graça no trabalho, não vemos graça nas festas, não vemos graça na vida. Vai ter sempre uma mentirosa "rivotrisada" falando que se depila "para si mesma". Mentira, mentira. Morremos sem vocês. Ficamos peludas, barrigudas e com olheiras sem vocês. Amamos vocês.

A reunião é para decidir algum projeto que vale milhões. Abaixo de nós, subalternos homens que ganham o que gastamos no cabeleireiro. E daí? Em algum lugar de nossas mentes e de nossos peitos angustiados e ansiosos, estamos ignorando todo aquele circo e pensando em vestidos brancos, marchas nupciais, alianças de ouro branco com um pouco de amarelo. Nós morremos sem vocês.

Continuamos precisando de homens. Assim como nossas bisavós. Ou até mais do que elas. Elas precisavam de um bom homem. Nós precisamos do homem. The one. Porque somos melhores que nossas bisas. Porque queimamos sutiãs e a Madonna dançou e a bunda da Simone e a ladainha toda do primeiro parágrafo.

A gente topa se você não tiver lido nenhum livro de Proust. A gente topa se você tiver um carrinho mil. A gente topa se você tirar uma semana ou mais para ter certeza de que banca esse romance. A gente topa que você não seja tudo isso. Porque, no fundo, a gente só quer ter alguém. Embaixo de nossos ternos, ao lado de nossas tatuagens, ou bem no meio de nossos decotes, temos um coração que morre sem vocês. Morremos sem vocês. Amamos vocês. Por favor, não se assustem, por favor. Não, não vamos teatralizar submissões, doçuras, silêncios e burrices. Mas saibam que torcemos bravamente para que vocês nos aceitem tão femininas e tão machas. Nos aceitem e casem com a gente. Somos apenas mocinhas fálicas ávidas por um carinho em nossas almas eretas.

Carrie se casou com Big, Lilly tenta engravidar, Simone chorava de ciúmes no banho, Madonna se enche de botox porque é mais fácil encoxar santo do que assumir rugas, minha mãe implora por netos e meu sutiã só quem queima é a Maria, de vez em quando, quando está distraída pensando no amor.


Tati Bernardi

via @anatsasso

2 comentários:

Grazy Amorim disse...

Ain Cah homenssssssssssss homenssssssssss sao tudo um bando de malucos sera que é tao dificil achar um homem com conteudo?

S. disse...

Nada como ser bi... rs